Por que a Reforma Tributária impacta o uso de certificado digital?
A aprovação da Reforma Tributária não representa apenas a mudança de tributos, mas também uma modernização completa da estrutura de arrecadação e das rotinas fiscais.
Nesse novo modelo, tudo será digitalizado, centralizado e automatizado e é aí que o certificado digital assume papel fundamental.
Saiba mais sobre a Reforma Tributária em: “Reforma tributária para o contador: cronograma, rotinas e entregáveis por fase”.
A digitalização crescente das obrigações fiscais
Com a unificação de tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS em dois impostos (CBS e IBS), o governo implementará novas plataformas digitais de apuração e fiscalização. Todas as interações entre contribuintes e o fisco acontecerão online, por meio de sistemas como:
- Portal da Receita Federal para a CBS;
- Plataforma do Comitê Gestor do IBS, para tributos estaduais e municipais;
- Portais de emissão de NF-e, NFC-e e NFS-e com layouts atualizados;
- Sistemas integrados de escrituração digital.
Em todos esses canais, o acesso será feito com certificado digital. Isso garante a segurança, a identidade do usuário e a validade jurídica das informações transmitidas.
Simplificação tributária e aumento da necessidade de autenticidade
Ao simplificar os tributos e centralizar as apurações, o governo também reforça os critérios de controle e rastreabilidade das operações. Como o modelo será não cumulativo e baseado no valor agregado, será essencial que:
- Os dados da nota fiscal sejam válidos e íntegros;
- O emissor da NF-e seja autenticado;
- A transmissão e recepção de documentos sejam seguras.
Para tudo isso, o certificado digital será obrigatório, permitindo a assinatura eletrônica de notas, declarações, retificações e cadastros.
Padronização nacional de processos e validação eletrônica
Com a CBS e o IBS, haverá uma padronização nacional na emissão de documentos fiscais e na entrega de obrigações acessórias. Isso envolve:
- Novos layouts XML da NF-e com campos para CBS, IBS e Imposto Seletivo;
- Sistema unificado de apuração com integração de dados federais, estaduais e municipais;
- Validação automática dos documentos e cruzamento em tempo real com as escriturações.
Nesse cenário, somente documentos assinados com certificado digital ICP-Brasil serão aceitos, pois eles possuem valor legal reconhecido em todo o território nacional.
Leia também: “O que é ICP-Brasil e qual seu papel na validade jurídica dos documentos digitais”.
O papel do certificado digital no novo cenário de IBS e CBS
A implementação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), criados pela Reforma Tributária, exigirá mudanças significativas na forma como as empresas operam suas rotinas fiscais e emitem documentos eletrônicos.
Neste novo cenário, o certificado digital se torna uma peça-chave, pois ele será o principal meio de garantir a identificação digital segura, a autenticidade dos dados fiscais e a validação jurídica de todas as transações com o fisco.
A seguir, entenda como o certificado será utilizado em cada etapa do novo modelo tributário.
Assinatura de documentos fiscais eletrônicos
A digitalização das obrigações tributárias já é uma realidade no Brasil, mas com a Reforma Tributária ela se intensifica. A assinatura digital com certificado ICP-Brasil será obrigatória para a emissão de:
- NF-e (Nota Fiscal Eletrônica) com os novos campos de IBS e CBS;
- Declarações de apuração e recolhimento dos tributos;
- Comprovantes de entrega de informações fiscais;
- Comunicados, retificações e atualizações cadastrais junto aos órgãos de arrecadação.
Essa assinatura garante que o documento:
- Não seja alterado depois de emitido;
- Seja validado automaticamente pelo sistema nacional;
- Tenha validade jurídica plena, como se tivesse sido assinado à caneta em papel.
Na prática, o certificado digital garante que somente usuários autorizados possam emitir documentos fiscais, evitando fraudes, falsificações e responsabilizações indevidas.
Autenticação para sistemas federais e estaduais
Com a chegada do IBS e da CBS, dois ambientes principais serão utilizados pelas empresas:
- Sistema da Receita Federal — Para operações relacionadas à CBS (de competência federal);
- Portal do Comitê Gestor do IBS — Para apuração, fiscalização e recolhimento do IBS (que substitui ICMS e ISS, tributos estaduais e municipais).
Para acessar esses portais, o usuário precisará de autenticação via certificado digital. Ou seja, será preciso comprovar a identidade digital do responsável pela empresa ou do contador autorizado.
Essa autenticação será usada para:
- Realizar o login nos sistemas;
- Entregar declarações;
- Consultar pendências e créditos tributários;
- Corrigir informações e emitir guias de recolhimento.
Sem o certificado digital, nenhuma operação poderá ser realizada nesses ambientes.
Conexão com ERPs e emissores fiscais
Além de acesso e assinatura, o certificado digital será fundamental para a integração segura entre os sistemas internos da empresa e os órgãos governamentais.
Os sistemas de gestão empresarial (ERPs), emissores de NF-e e plataformas de contabilidade digital deverão estar conectados com:
- Receita Federal;
- Comitê Gestor do IBS;
- SEFAZ (nos estados);
- Prefeituras (no caso da NFS-e nacional).
Essa conexão ocorre por meio de webservices que exigem certificado digital, usado tanto para autenticação quanto para criptografia dos dados transmitidos.
Ou seja, o certificado garante:
- Que o sistema que está enviando dados pertence de fato à empresa;
- Que as informações não foram modificadas no meio do caminho;
- Que a comunicação entre os sistemas seja segura e auditável.
Para empresas que emitem centenas ou milhares de notas por mês, essa automação com certificado digital será essencial para manter a conformidade com as regras da Reforma Tributária e evitar rejeições, autuações ou perda de prazos.
Leia no ClickNotas: “A Reforma Tributária e o impacto na emissão de NF-e”.
Obrigações acessórias na Reforma Tributária que exigem certificado digital
Com a implementação da CBS e do IBS, a Reforma Tributária inaugura uma nova fase na relação entre contribuintes e o fisco: mais digital, mais integrada e com exigência crescente de segurança e autenticidade.
Nesse contexto, o certificado digital ICP-Brasil se torna indispensável para o cumprimento das obrigações acessórias, ou seja, aquelas rotinas fiscais que não envolvem diretamente o pagamento do imposto, mas que são obrigatórias para manter a empresa em conformidade com a legislação.
Veja, a seguir, as principais obrigações acessórias que exigirão certificado digital no novo modelo tributário.
Leia também: “O que é certificado digital e por que ele é obrigatório para tantas empresas”.
Declarações e apuração unificada (IBS e CBS)
Uma das promessas da Reforma é a simplificação na apuração dos tributos sobre o consumo. Para isso, será criado um sistema unificado que concentra:
- Declarações periódicas da CBS (tributo federal que substitui PIS e Cofins);
- Declarações do IBS, de competência dos estados e municípios (substitui ICMS e ISS).
Essas declarações deverão ser enviadas eletronicamente e assinadas digitalmente, com uso de certificado digital válido. Isso inclui:
- Apuração dos valores devidos por período;
- Informações sobre créditos tributários gerados;
- Operações com alíquotas diferenciadas, regimes especiais ou cashback;
- Compensações, isenções e deduções.
Ou seja, o certificado digital será obrigatório tanto para transmitir quanto para validar o conteúdo das obrigações acessórias, garantindo sua autenticidade perante o fisco.
Importante: mesmo microempresas ou empresas do Simples Nacional podem ter de usar certificado digital, principalmente quando optarem por emitir NF-e ou realizar operações interestaduais.
Saiba mais sobre os novos impostos em: “CBS e IBS: o que são, quando começam e como afetam seu dia a dia”.
Acesso ao portal do Comitê Gestor e sistemas tributários
Com a criação do Comitê Gestor do IBS (CG-IBS), será implantado um portal digital unificado para todas as obrigações relacionadas ao IBS. Esse portal funcionará como uma espécie de “Receita Federal dos estados e municípios”, centralizando:
- Emissão de documentos;
- Consultas de apuração e pagamento;
- Atualizações cadastrais;
- Comunicações oficiais com contribuintes;
- Emissão de guias para pagamento do IBS.
Esse acesso será autenticado com certificado digital seja da empresa, do contador responsável ou de procuradores eletrônicos devidamente habilitados.
Além disso, o CG-IBS poderá exigir a assinatura digital de atos administrativos e declarações, reforçando ainda mais o papel do certificado na relação entre contribuinte e fisco.
Para acessar o CG-IBS, será obrigatório ter um certificado digital compatível com os padrões da ICP-Brasil, o que garante a validade jurídica das interações eletrônicas.
Saiba mais sobre em: “Como o Comitê Gestor do IBS funcionará?”.
Atualizações cadastrais e transmissões obrigatórias
Além das apurações periódicas, muitas obrigações acessórias são eventuais, mas igualmente obrigatórias e sensíveis. Com a Reforma Tributária, será necessário certificado digital para:
- Atualizar cadastros fiscais de empresa, filiais ou responsáveis legais;
- Declarar mudança de regime tributário;
- Corrigir erros de dados enviados anteriormente;
- Realizar transmissões complementares, como obrigações acessórias específicas de setores com regimes diferenciados (ex.: combustíveis, telecomunicações, transporte).
Essas atualizações poderão ser feitas diretamente nos portais do fisco ou via integração com sistemas (ERPs, contábeis, fiscais). Em qualquer dos casos, o uso de certificado digital será exigido para:
- Validar as informações transmitidas
- Garantir a identidade do emissor
- Evitar fraudes e responsabilizações indevidas
Certificado digital e a modernização dos documentos fiscais
A Reforma Tributária representa uma transformação profunda não apenas na forma de apurar tributos, mas também na emissão, validação e armazenamento dos documentos fiscais eletrônicos. Nesse cenário, o certificado digital ICP-Brasil será peça-chave para garantir validade jurídica, segurança e integração sistêmica.
A seguir, entenda como o certificado digital se conecta à modernização dos documentos fiscais e por que ele se torna ainda mais indispensável no novo modelo tributário.
Nota fiscal com novos tributos: validação e assinatura
Com a substituição do ICMS, ISS, PIS e Cofins por IBS e CBS, os layouts da nota fiscal eletrônica (NF-e, NFS-e e NFC-e) passarão por reformulações profundas.
Essas mudanças incluem:
- Novos campos obrigatórios para destacar IBS e CBS;
- Identificação do valor agregado da operação;
- Informações sobre regimes diferenciados, como alíquota reduzida, isenção ou cashback;
- Destaque do local de consumo (tributação no destino).
Para garantir que essas informações sejam consideradas válidas pelo fisco, a assinatura digital com certificado ICP-Brasil será obrigatória. Ela será usada para:
- Assinar o arquivo XML da nota fiscal antes da transmissão;
- Provar a integridade e autoria do documento;
- Impedir adulterações após o envio.
Isso vale tanto para empresas quanto para prefeituras e órgãos públicos emissores de NFS-e, que precisarão seguir os padrões de assinatura digital nacionalmente padronizados.
Integração com NFC-e, NF-e, NFS-e nacional e demais documentos eletrônicos
A modernização trazida pela Reforma Tributária também busca unificar e padronizar os documentos fiscais eletrônicos, algo que hoje é bastante fragmentado entre estados e municípios.
Com a criação de um modelo nacional de IBS e CBS, espera-se maior integração entre:
- NF-e (Nota Fiscal Eletrônica): para vendas de produtos;
- NFS-e nacional (Nota Fiscal de Serviços): padronizada em todo o país;
- NFC-e (Nota Fiscal do Consumidor): para o varejo físico;
- DF-e (Documentos Fiscais Eletrônicos): como CT-e, MDF-e, BP-e.
Todos esses documentos exigirão assinatura digital no padrão ICP-Brasil para serem aceitos pelos órgãos de validação e apuração (como Receita Federal, Comitê Gestor do IBS e secretarias estaduais).
Além disso, ERPs e emissores fiscais precisarão estar integrados a esse ecossistema de documentos, exigindo certificados digitais válidos e atualizados para:
- Transmitir documentos em tempo real
- Validar dados com múltiplos entes federativos
- Armazenar os XMLs de forma segura e rastreável
Como o certificado evitar rejeições e inconsistências
Um dos problemas mais comuns enfrentados por empresas na emissão de notas fiscais é o erro de assinatura digital ou a ausência dela, o que gera:
- Rejeição do documento na SEFAZ ou Receita
- Impedimento da circulação da mercadoria ou prestação do serviço
- Multas e complicações com obrigações acessórias
Com a implantação dos novos tributos (IBS e CBS) e seus respectivos campos técnicos, a validação fiscal se tornará ainda mais rigorosa. O uso correto do certificado digital ajuda a:
- Garantir que a assinatura do documento fiscal seja válida e esteja em conformidade com a ICP-Brasil;
- Evitar falhas de autenticação no envio para os órgãos fiscalizadores;
- Reduzir a ocorrência de notas rejeitadas, devolvidas ou contestadas;
- Aumentar a segurança jurídica das transações.
Além disso, em ambientes com grande volume de documentos fiscais, o uso de certificado digital (principalmente do tipo A1, instalado em servidor) permite automação do processo de emissão e assinatura, otimizando o dia a dia das empresas.
Leia também: “Emitir nota fiscal com certificado digital: como funciona e quais são os requisitos”.
Como escolher o tipo de certificado digital ideal para a Reforma Tributária
Com as novas exigências da Reforma Tributária incluindo o uso ampliado de certificados digitais para assinar documentos fiscais, autenticar acessos e integrar sistemas é essencial entender qual modelo de certificado digital é mais adequado para sua empresa.
A escolha correta evita gargalos operacionais, falhas de emissão e problemas com obrigações acessórias. Vamos entender os critérios mais importantes:
A1 x A3: qual faz mais sentido para as empresas?
Atualmente, os certificados mais usados pelas empresas são os modelos do tipo A1 e A3, ambos com validade jurídica reconhecida pela ICP-Brasil. Mas há diferenças importantes no uso e na aplicação de cada um:
Certificado Digital A1
- Instalado diretamente em computadores ou servidores
- Validade de 1 ano
- Permite automação de processos (como emissão em lote de NF-e e integração com ERP)
- Ideal para empresas que emitem grandes volumes de documentos fiscais
- Mais fácil de renovar e gerenciar digitalmente
- Recomendado para ambientes que exigem conexão com sistemas fiscais em tempo real
Certificado Digital A3
- Armazenado em mídias físicas (token USB ou cartão)
- Validade de até 3 anos
- Requer inserção física para assinatura, o que pode limitar automações
- Mais indicado para uso pontual, como assinatura de contratos ou acessos manuais
- Menos prático para emissão contínua de documentos fiscais
Para a realidade da Reforma Tributária, com grandes volumes de emissão, novas regras técnicas e integração constante com sistemas do fisco, o certificado A1 tende a ser o mais vantajoso para a maioria das empresas.
Requisitos para integração com sistemas fiscais
Com a criação de tributos como IBS e CBS, as empresas precisarão:
- Emitir documentos fiscais com os novos tributos em ambiente padronizado nacionalmente
- Conectar ERPs e emissores a webservices da Receita Federal e do Comitê Gestor do IBS
- Assinar em tempo real documentos como NF-e, NFS-e nacional, declarações, relatórios e atualizações cadastrais
Para isso, o certificado digital deve ser compatível com os seguintes requisitos técnicos:
- Compatibilidade com APIs e integrações via XML
- Capacidade de emissão automática e sem intervenção humana (ex: NF-e em lote)
- Armazenamento seguro, mas acessível aos sistemas de emissão
- Renovação e atualização simples, com impacto mínimo nos sistemas
- Possibilidade de instalação em múltiplas máquinas (A1 permite; A3 não)
Se sua empresa utiliza ERP ou sistemas fiscais automatizados, é altamente recomendável optar por um certificado A1, com política de backup e renovação bem definida.
Renovação e validade durante o período de transição (2026–2033)
O novo modelo tributário será implantado progressivamente, com testes a partir de 2026, adesão facultativa em 2027 e obrigatoriedade total em 2033.
Durante esse período, o uso de certificado digital será ainda mais importante, já que empresas precisarão lidar com dois sistemas em paralelo:
- O sistema atual (ICMS, ISS, PIS, Cofins)
- O novo sistema (IBS, CBS e IS)
Diante disso, é estratégico:
- Planejar um cronograma de renovação do certificado digital alinhado às fases da transição
- Manter um certificado válido e funcional durante todo o ciclo tributário (apuração, envio, retificação)
- Garantir que o certificado seja compatível com ambientes de testes (homologação) e produção
Empresas que renovarem seus certificados A1 anualmente terão maior controle sobre a validade e segurança, facilitando o acompanhamento das mudanças que virão com a reforma.
Resumo prático: qual certificado escolher?
| Característica | Certificado A1 | Certificado A3 |
|---|---|---|
| Armazenamento | Digital (servidor/computador) | Físico (token/cartão) |
| Validade | 1 ano | Até 3 anos |
| Automação de processos fiscais | ✅ Sim | ❌ Limitada |
| Integração com ERPs | ✅ Alta compatibilidade | ❌ Pouco prático |
| Ideal para grandes emissores | ✅ | ❌ |
Para escolher com precisão, leia: “A1 ou A3: qual tipo de certificado digital é ideal para sua empresa?”.
Conclusão: certificado digital será indispensável no novo modelo tributário
A Reforma Tributária representa uma profunda reestruturação do sistema de arrecadação no Brasil. Com a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), empresas e profissionais da área fiscal enfrentarão um novo cenário: mais digital, mais integrado e mais exigente em termos de segurança, autenticidade e conformidade.
Nesse contexto, o certificado digital deixa de ser apenas um requisito técnico e passa a ocupar um papel estratégico na rotina tributária e contábil das empresas. Ele será essencial para:
- Assinar notas fiscais com os novos tributos
- Acessar portais como o do Comitê Gestor do IBS
- Transmitir declarações unificadas e apurações do novo modelo
- Validar documentos eletrônicos com validade jurídica
- Integrar ERPs e sistemas fiscais a novas plataformas governamentais
Além disso, com a padronização nacional das obrigações acessórias e a digitalização das rotinas fiscais, o uso de certificados do tipo A1 com mais flexibilidade e integração, tende a se consolidar como padrão para empresas de todos os portes.
Empresas que se anteciparem às mudanças terão vantagens competitivas, como maior agilidade, redução de riscos fiscais e acesso facilitado a créditos tributários no novo regime.