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Vivemos uma era em que praticamente todas as informações importantes da nossa vida — desde dados bancários até contratos de negócios — circulam por meios digitais. Em meio a esse fluxo constante de dados, surge uma preocupação fundamental: como proteger essas informações de acessos não autorizados, fraudes e interceptações?

A resposta está na criptografia, uma tecnologia que é invisível para o usuário comum, mas que funciona nos bastidores, garantindo a privacidade, a integridade e a autenticidade das informações.

Se você já acessou um site com o cadeado de segurança no navegador, assinou um documento digital ou realizou um pagamento online, pode ter certeza: a criptografia estava ali, atuando em segundo plano.

O que é criptografia?

A criptografia é uma técnica de segurança da informação usada para codificar dados de forma que só possam ser lidos por pessoas ou sistemas autorizados.

Em outras palavras, ela transforma qualquer tipo de informação — como textos, números ou arquivos — em um formato ininteligível para quem não possuir a chave correta para decodificá-la.

Definição técnica do termo

Do ponto de vista técnico, a criptografia é um processo que utiliza algoritmos matemáticos combinados com chaves criptográficas para embaralhar o conteúdo de uma informação.

O processo funciona em duas etapas principais:

  1. Criptografar: transformar o conteúdo original (conhecido como “texto claro“) em um conteúdo ilegível (o “texto cifrado“).
  2. Descriptografar: reverter o texto cifrado para o formato original, usando a chave correta.

Esse conceito se aplica a diversas áreas:

  • Mensagens de e-mail.
  • Transações financeiras online.
  • Armazenamento de dados em nuvem.
  • Assinatura de documentos eletrônicos.

Conceitos de chave pública e chave privada

A segurança da criptografia moderna se baseia, em muitos casos, no sistema de chaves criptográficas, especialmente no modelo de chave pública e chave privada, também chamado de criptografia assimétrica.

Como funciona essa estrutura de chaves:

  • Chave pública: disponível para qualquer pessoa que queira enviar uma informação criptografada.
  • Chave privada: mantida de forma sigilosa pelo destinatário, sendo a única capaz de decifrar as informações protegidas.

Esse sistema garante que:

  • Mesmo que um terceiro intercepte os dados durante a transmissão, sem a chave privada, ele não conseguirá decifrar o conteúdo.
  • A identidade do remetente e a integridade da informação possam ser confirmadas, já que a descriptografia só é possível com a chave correta.

Tipos de criptografia: simétrica e assimétrica

1. Criptografia simétrica:

  • Usa uma única chave para criptografar e descriptografar os dados.
  • Essa chave precisa ser compartilhada entre o remetente e o destinatário.

Vantagens:

  • Processamento rápido.
  • Menor consumo de recursos computacionais.

Desvantagens:

  • Risco de segurança se a chave for interceptada durante o compartilhamento.

2. Criptografia assimétrica:

  • Utiliza um par de chaves: uma pública e uma privada.
  • Mais segura para ambientes online, pois a chave privada nunca é transmitida.

Vantagens:

  • Alta segurança na troca de informações.
  • Base de tecnologias como certificados digitais, SSL/TLS e assinaturas eletrônicas.

Desvantagens:

  • Processamento mais lento quando comparado à criptografia simétrica.

Uso combinado (Híbrido):

Em muitas aplicações modernas, como em conexões HTTPS, é comum a utilização de uma abordagem híbrida, onde:

  • A criptografia assimétrica é usada para trocar uma chave temporária de sessão.
  • A partir daí, a criptografia simétrica assume para proteger a troca de dados, garantindo velocidade e segurança ao mesmo tempo.

 Leia também: “O que é autenticação digital e como ela garante segurança

Como a criptografia protege seus dados

A criptografia é muito mais do que uma camada invisível de proteção. Ela atua como um escudo digital contra acessos não autorizados, sendo essencial para a privacidade de informações, a segurança de transações e a conformidade com legislações como a LGPD.

Seja no trânsito de dados pela internet, no armazenamento em nuvem ou na autenticação de usuários, a criptografia é o que impede que hackers, criminosos cibernéticos ou até funcionários mal-intencionados consigam visualizar ou alterar informações confidenciais.

Funções da criptografia em ambientes digitais

  • Garantia da confidencialidade: o dado só pode ser lido por quem possui a chave correta para descriptografá-lo. Isso vale para informações armazenadas ou em trânsito.
  • Proteção da integridade dos dados: a criptografia assegura que o conteúdo não seja alterado sem autorização durante o envio ou armazenamento. Caso haja qualquer alteração no dado, o processo de validação criptográfica detecta a manipulação.
  • Autenticação de identidade: em processos de autenticação digital e assinaturas eletrônicas, a criptografia assegura que o emissor da informação é de fato quem diz ser, prevenindo fraudes.
  • Não repúdio: garante que uma pessoa ou empresa não possa negar a autoria de uma transação ou assinatura, pois apenas o proprietário da chave privada consegue gerar uma assinatura digital válida.

Exemplos práticos de onde a criptografia atua nos bastidores:

  • Acessos a internet banking.
  • Compras online com cartão de crédito.
  • Troca de mensagens por aplicativos como WhatsApp e Telegram.
  • Emissão de documentos fiscais eletrônicos (NF-e, CT-e).
  • Armazenamento de backups corporativos.
  • Assinaturas de contratos digitais.

Criptografia em e-mails, sites, certificados e sistemas de gestão

  • E-mails corporativos: plataformas como Gmail, Outlook e serviços de e-mails empresariais utilizam TLS (Transport Layer Security) para proteger as mensagens durante o envio.

Em ambientes com informações sensíveis (como escritórios de contabilidade ou advocacia), é recomendado o uso de soluções de criptografia ponta a ponta, onde nem mesmo o provedor de e-mail consegue ler as mensagens.

  • Websites (HTTPS): ao acessar um site com o famoso cadeado ao lado da URL, você está navegando em um ambiente protegido por SSL/TLS, onde todas as informações trocadas entre navegador e servidor são criptografadas.

Por que isso é importante?

  • Protege formulários de login.
  • Garante segurança em transações de comércio eletrônico.
  • Evita interceptações de dados por terceiros.

Certificados Digitais: a criptografia é o motor por trás da segurança de certificados como e-CPF e e-CNPJ, usados para:

  • Assinar documentos com validade jurídica.
  • Emitir NF-e e outras obrigações fiscais.
  • Acessar portais governamentais com segurança.

Sistemas de gestão empresarial (ERP): softwares utilizam criptografia para proteger:

  • Dados financeiros.
  • Informações de clientes.
  • XMLs de notas fiscais.
  • Relatórios contábeis e fiscais.

Além da proteção de dados armazenados, a comunicação entre o usuário e os servidores do sistema também é criptografada, reduzindo o risco de interceptações externas.

A criptografia está em praticamente todas as camadas de tecnologia que você e sua empresa utilizam diariamente. Mesmo que muitas vezes invisível ao usuário final, ela é o elemento central para garantir a segurança, a privacidade e a integridade de todos os seus dados online.

A relação entre criptografia e certificado digital

A criptografia e os certificados digitais são tecnologias inseparáveis no universo da segurança da informação. Se o certificado digital é uma espécie de identidade virtual de uma pessoa ou empresa, a criptografia é o mecanismo matemático e tecnológico que dá validade, segurança e integridade a essa identidade.

Sem a criptografia, o certificado digital seria apenas um documento eletrônico sem nenhuma garantia real de autenticidade ou proteção contra fraudes.

Como a criptografia garante validade jurídica em certificados digitais

O funcionamento de um certificado digital se baseia na chamada criptografia de chave pública (PKI – Public Key Infrastructure), que utiliza um par de chaves complementares: uma pública e uma privada.

A lógica desse processo envolve quatro elementos fundamentais:

1. Par de chaves (pública e privada)

  • Chave Pública: fica disponível para qualquer pessoa, órgão público ou sistema que precise verificar se uma assinatura digital foi realmente feita por quem afirma ter feito.
  • Chave Privada: de uso exclusivo do titular do certificado. Fica protegida por senha ou dispositivos físicos como token USB ou cartão inteligente.

Essa arquitetura de chaves garante que:

  • Apenas o titular da chave privada consegue realizar a assinatura digital.
  • Qualquer alteração no conteúdo após a assinatura torna o documento inválido ao ser verificado com a chave pública.

2. Algoritmo criptográfico

Ao assinar um documento, o sistema utiliza um algoritmo matemático de criptografia (como RSA ou SHA-256) para transformar o conteúdo em um hash criptografado, que é a própria assinatura digital.

Essa assinatura é única para cada documento e cada chave privada.

3. Autoridade Certificadora (AC)

Para que um certificado digital seja confiável, ele precisa ser emitido por uma Autoridade Certificadora credenciada na ICP-Brasil, como SERPRO, Certisign, Valid, entre outras.

A AC utiliza sua própria infraestrutura criptográfica para garantir que o certificado digital seja:

  • Autêntico.
  • Não falsificado.
  • Rastreável.

4. Carimbo de tempo e validade jurídica

Além de garantir autenticidade, a criptografia também atua em conjunto com o carimbo de tempo, que comprova exatamente quando a assinatura digital foi feita.

No Brasil, o reconhecimento jurídico dessas assinaturas digitais criptografadas é respaldado pela Medida Provisória nº 2.200-2/2001, que cria a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).

Isso significa que documentos assinados com certificado digital possuem o mesmo valor legal de uma assinatura manual reconhecida em cartório, sem necessidade de reconhecimento de firma.

 Saiba mais sobre o assunto em: “Certificado digital e-CPF e e-CNPJ: principais usos além da nota fiscal”.

Criptografia e LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor no Brasil desde setembro de 2020, estabeleceu um marco regulatório para a forma como empresas públicas e privadas tratam dados pessoais.

Dentro desse contexto, a criptografia passou a ser vista não apenas como uma boa prática de segurança da informação, mas como um elemento técnico essencial para demonstrar comprometimento com a proteção de dados e conformidade legal.

A lei, estruturada em torno de princípios como transparência, finalidade, adequação, segurança e prevenção, exige que as empresas adotem medidas técnicas e administrativas eficazes para proteger os dados sob sua guarda.

A criptografia aparece como uma das soluções mais eficazes para atender especialmente ao princípio da segurança e ao de prevenção.

O papel da criptografia na proteção de dados sensíveis

A criptografia desempenha um papel crucial na proteção de dados sensíveis, especialmente no contexto da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Dados sensíveis são informações que, se expostas ou utilizadas de forma inadequada, podem gerar discriminação, prejuízos ou danos à privacidade de uma pessoa.

Exemplos incluem dados de saúde, informações biométricas, convicções religiosas, orientação sexual e filiações políticas.

A LGPD exige que empresas adotem medidas técnicas para mitigar riscos de violação de dados, e a criptografia é uma das ferramentas mais recomendadas para esse fim.

A principal função da criptografia nesse contexto é garantir que, mesmo que os dados sejam interceptados, roubados ou acessados indevidamente, eles permaneçam indecifráveis e inúteis para qualquer pessoa não autorizada.

Ou seja, a criptografia transforma os dados em uma linguagem criptografada que só pode ser interpretada por quem possui a chave correta de decriptação.

Além da proteção durante o armazenamento (dados em repouso), a criptografia também é essencial durante o trânsito das informações, como quando dados são transmitidos por meio de redes públicas, como a internet.

Outro aspecto relevante é que, caso ocorra um vazamento de dados, a empresa que puder comprovar que os dados estavam devidamente criptografados terá uma atenuante na avaliação de responsabilidade pela ANPD, podendo reduzir penalidades e danos reputacionais.

Em resumo, os principais papéis da criptografia na proteção de dados sensíveis são:

  • Confidencialidade: impede que pessoas não autorizadas acessem o conteúdo dos dados.
  • Integridade: garante que os dados não sejam alterados durante o armazenamento ou transmissão.
  • Autenticidade: confirma a identidade da fonte de origem dos dados, evitando falsificações.
  • Redução de riscos legais: mitiga penalidades em casos de incidentes de segurança, ao demonstrar que medidas adequadas foram tomadas.
  • Proteção de dados em repouso e em trânsito: seja armazenado em servidores, bancos de dados ou durante a transmissão, os dados permanecem seguros.
  • Conformidade com a LGPD: atende diretamente ao princípio da segurança previsto na lei, reforçando a política de proteção de dados da empresa.

 Leia também: “O que é a LGPD e por que ela afeta a emissão e assinatura digital”. 

Cuidados ao usar criptografia

Embora a criptografia seja uma das soluções mais eficazes para proteger dados sensíveis, ela não é uma garantia absoluta de segurança se não for corretamente implementada e gerenciada.

Muitas falhas de segurança em grandes empresas aconteceram não por falta de criptografia, mas por mau gerenciamento das chaves, uso de algoritmos obsoletos ou falhas no armazenamento das informações criptografadas.

Por isso, além de adotar criptografia, é fundamental seguir boas práticas para garantir que a solução seja realmente efetiva.

Armazenamento seguro de chaves

A segurança de toda a estrutura criptográfica depende diretamente da proteção das chaves privadas.

Se alguém obtiver acesso não autorizado a essa chave, conseguirá descriptografar todas as informações protegidas por ela, anulando totalmente o benefício da criptografia.

Boas práticas para armazenamento de chaves:

  • Uso de dispositivos físicos (Hardware Security Module – HSM): grandes empresas e instituições financeiras geralmente armazenam chaves em módulos de segurança de hardware, que oferecem proteção física e lógica contra tentativas de acesso.
  • Chaves armazenadas de forma criptografada: nunca armazene a chave privada em texto simples. Ela também deve estar criptografada e protegida por senha ou outros mecanismos de autenticação.
  • Rotina de rotação de chaves: chaves antigas devem ser substituídas periodicamente para reduzir o risco de comprometimento.
  • Controle de acesso restrito: somente usuários autorizados e devidamente treinados devem ter acesso às chaves.
  • Backups seguros das chaves: tenha cópias de segurança das chaves armazenadas em locais seguros e com acesso limitado.

Importância de sistemas confiáveis

A segurança da criptografia também depende da qualidade dos sistemas e softwares utilizados. Utilizar ferramentas frágeis, desatualizadas ou não auditadas pode abrir brechas que anulam todo o esforço de proteção.

O que avaliar na escolha de sistemas com criptografia:

  • Uso de algoritmos reconhecidos internacionalmente: prefira soluções que utilizem padrões amplamente testados como AES (Advanced Encryption Standard), RSA, SHA-256, entre outros.
  • Atualizações constantes: softwares que implementam criptografia devem ser frequentemente atualizados para corrigir vulnerabilidades descobertas com o tempo.
  • Conformidade com normas e certificações de segurança: se possível, opte por sistemas que sejam certificados por órgãos reguladores ou que sigam normas como ISO 27001, GDPR (na União Europeia) e, no Brasil, os requisitos da ICP-Brasil.
  • Fornecedores com reputação no mercado: verifique o histórico da empresa fornecedora da solução de criptografia. Busque por referências, cases de sucesso e avaliações de outros usuários.
  • Integração com outras camadas de segurança: além da criptografia, o sistema deve oferecer recursos como autenticação forte, controle de acesso, logs de auditoria e monitoramento contínuo.

A criptografia é uma aliada poderosa, mas sua eficácia depende diretamente de uma gestão criteriosa das chaves de segurança e do uso de sistemas confiáveis e atualizados. Investir nessas boas práticas é tão importante quanto a própria decisão de criptografar os dados.

Conclusão

Mais do que cumprir legislações como a LGPD ou atender a requisitos de certificação, adotar a criptografia significa assumir uma postura de responsabilidade com os dados que sua empresa armazena e processa.

O desafio para as organizações daqui em diante não será apenas implementar a tecnologia, mas garantir que ela acompanhe as mudanças no cenário regulatório, as atualizações de ameaças cibernéticas e as expectativas crescentes de clientes e parceiros comerciais por mais segurança e transparência.

Investir em soluções robustas de criptografia é, acima de tudo, um passo na direção de construir uma reputação sólida e de preparar sua empresa para um futuro onde a proteção de dados será um dos ativos mais valiosos de qualquer negócio.

Foto de Hellen Mota
Hellen Mota
Hellen Mota é jornalista e redatora. Escreve de forma simples e acessível, ajudando empreendedores a conquistar mais autonomia e segurança.

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